O candidato presidencial Venâncio Mondlane prometeu hoje criar um Governo “íntegro e transparente” para tirar Moçambique da lista dos países mais pobres do mundo, defendendo também uma reforma do Estado para acabar com a corrupção. Integridade e transparência em Moçambique (como em Angola) é – infelizmente – mais de meio caminha andado para Mondlane perder. Tal como o MPLA, a Frelimo é alérgica aos valores de um Estado de Direito.
Assim, “se nós tivermos um Governo íntegro, transparente, comprometido, é possível, em cinco anos, Moçambique sair dos países mais pobres do mundo para os 50 mais prósperos. Não é utopia, não é teoria […] como alguns podem dizer. É possível, é real e nós podemos provar isso”, disse à comunicação social Venâncio Mondlane, candidato às eleições de 9 de Outubro apoiado pelos extraparlamentares o Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos) e Revolução Democrática (RD).
O candidato falava durante uma passeata na província de Maputo, no primeiro dia de campanha eleitoral.
O candidato à Presidência de Moçambique defendeu ainda uma reforma do Estado para acabar com a corrupção no país, dizendo que o fenómeno resulta da “desorganização do Estado” e da “contínua violação das leis”.
“Se você estabiliza o Estado, se você cria condições para o poder judicial ser autónomo, independente, imparcial e dar garantias de independência no seu procedimento, não tem espaço para corrupção”, acrescentou Mondlane.
Venâncio Mondlane pediu ainda uma oportunidade de Governar Moçambique para eliminar os crimes de rapto, que afectam principalmente empresários e seus familiares, e o terrorismo em Cabo Delgado, província assolada por ataques armados desde 2017, apontando, mais uma vez, a integridade do Governo como solução.
“Se nos derem oportunidade de Governar, em um ano nós acabamos com os raptos, acabamos com o terrorismo em Cabo Delgado (…) se você cria integridade no Governo, seriedade no Governo, reforma do Estado, acabou terrorismo, acabou corrupção, acabam-se os raptos”, afirmou o candidato.
Nascido em Lichinga, na província do Niassa, no Norte de Moçambique, Venâncio Mondlane, engenheiro florestal, tem 50 anos e é classificado pelos seus simpatizantes como VM7 – o CR7 da política moçambicana, numa alusão ao internacional português Cristiano Ronaldo.
Mondlane foi candidato pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) nas eleições municipais de 2023 à autarquia de Maputo, abandonou o partido em que militava desde 2018 – e o cargo de deputado para o qual tinha sido eleito -, depois de ter sido impedido de concorrer à liderança do maior partido da oposição no congresso realizado em maio.
A campanha para as eleições gerais de 9 de Outubro em Moçambique arrancou hoje em todo o país, com quatro candidatos à Presidência da República e 37 forças políticas concorrentes nas legislativas e provinciais.
Moçambique realiza em 9 de Outubro as eleições gerais, num escrutínio que inclui eleições presidenciais, legislativas, das assembleias provinciais e de governadores de província.
Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar, incluindo 333.839 recenseados no estrangeiro, segundo dados oficiais.
Além de Mondlane, nestas eleições, concorrem à Ponta Vermelha (residência oficial do chefe de Estado em Moçambique) Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde a independência), Ossufo Momade, apoiado pela Renamo, e Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar.